Localização: Página inicial >  Português > Notícias

Sonny Lo prevê que integração entre Macau e Hengqin seja imitada por Hong Kong e Shenzhen

2023-03-17 Fonte: Ponto Final

Compartilhar: 

3.-FOTOGRAFIA-GONCALO-LOBO-PINHEIRO-4-696x464.jpg

Sonny Lo, professor universitário na HKU Space e politólogo com foco nas questões de Hong Kong e Macau, esteve ontem ao final da tarde na Fundação Rui Cunha onde falou sobre a integração de Hengqin na conjuntura de Macau e como isso poderá fazer com que Hong Kong e Shenzhen sigam o exemplo.

A integração de Hengqin em Macau poderá apressar a integração de Shenzhen em Hong Kong. A opinião é de Sonny Lo, professor universitário na HKU Space e politólogo com foco nas questões de Hong Kong e Macau, que esteve ontem ao final da tarde na Fundação Rui Cunha para uma conferência intitulada “O Presente e o Futuro da Grande Baía e a integração de Macau-Hengqin e Hong-Kong-Shenzhen”.

Na sua apresentação, Sonny Lo começou por detalhar a legislação que regula a Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau em Hengqin, sublinhando que este se trata de “um ponto de viragem” no que diz respeito à cooperação entre as duas regiões.

O professor universitário frisou que “este novo processo de integração na Zona de Cooperação Macau-Hengqin deverá tornar-se uma experiência-piloto que terá tremendas implicações na integração sócio-económico-tecnológica entre Hong Kong e Shenzhen alguns anos mais tarde, muito provavelmente muito antes de 2047 [ano em que Hong Kong será integrada oficialmente na administração chinesa]”.

Na opinião de Sonny Lo, o sucesso da integração de Hengqin em Macau vai depender de vários factores, como o crescimento populacional da RAEM, o espaço geográfico de Macau, o desejo do Governo local e os trabalhos preparatórios de ambas as partes. Caso se confirme uma maior integração de Hengqin na realidade de Macau – o que, na opinião do académico, é “muito provável – isso terá “implicações tremendas para a integração de Hong Kong e Qianhai [zona da cidade de Shenzhen]”.

Ainda assim, ressalvou que a integração de Hong Kong com Shenzhen “será mais lenta, uma vez que a RAEHK precisa de se coordenar e comunicar com Guangdong e com Shenzhen sobre como fundir o desenvolvimento – nos transportes e projectos de infra-estruturas”.

A integração de território chinês nas duas regiões administrativas especiais implica desafios para as duas cidades. Na opinião de Sonny Lo, tanto a RAEM como a RAEHK “demonstraram uma fraca capacidade” no recrutamento de funcionários públicos de elite e, por isso, um dos desafios para as duas regiões é melhorar esse processo. Outro desafio tem a ver com a renitência que os jovens das duas regiões têm para se mudarem para as zonas de cooperação. Outra questão que, na opinião de Sonny Lo, pode atrasar a integração tem a ver com a falta de quadros qualificados. O professor sugere ainda que as pequenas e médias empresas podem precisar de mais incentivos – em forma de subsídios – para se mudarem quer para Hengqin quer para Qianhai. “Por fim, o sector empresarial em ambas as zonas deve ser informado, mobilizado e apoiado com incentivos para se deslocar para Hengqin e Qianhai”, disse Sonny Lo.

Por fim, o politólogo reiterou que “o modelo de integração de Hong Kong e Shenzhen irá provavelmente seguir o modelo de Hengqin-Macau nos próximos anos”, frisando que “o maior desafio é como melhorar a capacidade de governação e planeamento e coordenação dos Governos de Macau e Hong Kong, tanto a nível interno como transfronteiriço”.

“Em suma, a visão do falecido Deng Xiaoping de criar mais regiões administrativas especiais no sul da China já se concretizou com o estabelecimento da Zona de Cooperação de Hengqin-Macau, sendo provável que Hong Kong/Shenzhen venha a seguir o exemplo nos próximos anos”, concluiu.